2016
Encountering the other is facing alterity. Differences are often associated with feelings of menace, distrust, or fear. Whether or not we're aware of the discomfort brought by this confrontation, our reaction is frequently to seek protection in isolation. In 'Is that you, my friend?' I explore this encounter, rendering an image that is strange in itself to elicit thoughts on the power of a simple gesture that is most avoided when dealing with otherness: the hug. The characteristics of the mannequin are here explored as metaphors for the instant recognition of difference - which is often associated with disabilities, handicaps and even behaviour conducts that disrupt "normality".
Is that you, my friend? was selected to "A Journey: Loneliness, Hope, and Resilience", a joint exhibition by City Arts and the Institute of Mental Health of the University of Nottingham, UK. The work won one of three Commended Awards, being the only commended painting.
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2015
Na pintura e no desenho, o traço, a pincelada, a cor, a luz e o enquadramento são meios de buscar estranheza em um mundo que pretende aparentar normalidade. Lá fora, a superfície das coisas bloqueia sua essência: o que é desfigurado se mostra simétrico, e o que é feio apresenta-se estéril. O mundo das imagens foi, finalmente, tomado pelo fetiche (como havia previsto Flusser e tantos outros). As imagens, (de) hoje, não revelam: escondem, blindam à vista o lado de dentro das coisas. Na multitude de signos resultou perda ao invés de acúmulo.
Os trabalhos se configuram em uma tentativa de capturar resquícios de imperfeição, deslocamento, incômodo e, principalmente estranheza – características viscerais de toda e qualquer materialidade quando observada em tempo menos hostil do que o passo apressado das vidas que levamos ultimamente. A pressa rouba tempo quando deveria dobrá-lo; uma contradição entre tantas outras que nos fazem reféns diariamente – presos em nossas próprias carceragens imaginadas (desejadas?).
Nenhuma coleção de imagens é capaz de dar conta de nossa percepção do mundo em um dado espaço-tempo e, por isso, essas obras nem se propõem a encerrar qualquer conclusão simbólica. Ao contrário, as representações, para alcançar a verdade plástica, são como instantâneos de um tempo indeterminado, porém registrado em uma mesma memória descontínua e que, ao ver, não se importa em saber o que não pode ser mostrado na pele.
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2014
A vitalidade do palhaço interrompida pela falta de ar. A alegria silenciada. Uma contradição.
A promessa de que o frio chegará e cobrirá tudo de branco. A força, a energia. A materialidade do peso do ar. Respirar. A dependência de um objeto-mediador. Uma salvação de si.
Os três trabalhos dialogam sobre a falta (de ar) que potencializa a consciência do momento presente. Na dor, na ausência, tudo que existe é o presente, que se percebe vazio. As telas exibem grandes massas de áreas brancas que parecem estar sendo tomadas ou habitadas pelo nada, pela ausência ou pela perda de algo que não pode ser visto (como o ar).
Em contraponto, a palheta de cores dominada por tons vivos de rosas, azuis e verdes remetem à infância, um tempo passado, e, portanto, também a uma perda. O palhaço, o velocípete, a boneca. Vestígios de uma época outra, mas que, sendo representados nas imagens, nos levam à uma reflexão sobre de que modo ainda se fazem presentes agora.
A asma é uma condição desabilitante. É um limite que, principalmente na infância, introduz a ideia de impossibilidade. Algo que está para além da vontade individual. As figuras humanas das três telas se encontram em um momento de congelamento - um homem em espera, passivo; uma cabeça pendida, de olhos negros vazios; um palhaço em pausa, tendo que retomar o fôlego em plena festa. A suspensão do momento, a volta ao presente em virtude de uma condição que impõe uma restrição à função mais primeva de qualquer ser vivo: a respiração.
Existe uma contradição em cada tela que convida à reflexão sobre as condições que propiciam o movimento, a mudança e a continuidade da vida, em harmonia ritmada pela respiração, e à imobilidade da pausa (ou da perda) desse cadenciamento que regula, de maneira silenciosa, o tempo de cada um.




